quinta-feira, 25 de abril de 2013

Queremos o 25 de Abril que nunca houve


Há quem queira um novo 25 de Abril. Nós queremos o 25 de Abril que nunca houve. Não queremos a libertação de alguns, queremos a libertação de todos.

Uma mudança política é necessária e urgente, mas essa mudança tem hoje de expressar uma profunda transformação da mentalidade, uma mutação da civilização. Do mesmo modo que as populações humanas - sobretudo as do hemisfério Sul e as dos países intervencionados pela Troika, entre os quais Portugal - não mais suportam o empobrecimento e o desemprego crescentemente gerados pelas políticas de austeridade ao serviço da grande finança internacional e dos países economicamente mais fortes, também os animais e a Terra não mais suportam a opressão e a exploração a que o actual modelo de crescimento económico e os nossos hábitos comportamentais e alimentares os condenam impiedosamente. A crise económico-financeira é apenas um dos aspectos da mais profunda crise do paradigma antropocêntrico e da (anti-)economia da ganância que tem devastado os recursos naturais e instrumentalizado os seres vivos – dos operários nas fábricas e dos funcionários nas repartições aos frangos, vacas e porcos na indústria da carne e dos lacticínios -  em nome da nova religião do progresso ilimitado entendido como aumento exponencial da produção e do consumo de produtos, bens e serviços maioritariamente desnecessários e prejudiciais apenas para que os investidores obtenham o maior lucro no mínimo de tempo possível e com o mínimo de gastos.



Enquanto predominar este modelo e estes critérios económicos dominarem a política, não tenhamos ilusões: a ética e a sustentabilidade serão meras palavras decorativas e vãs, usadas na retórica oficial para encobrir os reais intentos do sistema globalizado em que vivemos, para o qual os seres concretos - os humanos e os animais com carne, sangue, sensações, sentimentos e vidas pulsantes de aspiração ao bem-estar e à felicidade – são apenas quantidades abstractas a contabilizar e rentabilizar ao máximo, até que a morte os liberte da escravatura. E o mesmo em relação à natureza e aos ecossistemas dos quais todos dependemos, que igualmente se reduzem a recursos materiais e energéticos a explorar para manter, não a sua integridade e equilíbrio, mas a rentabilidade do modelo económico dominante.

É por isso que o PAN constitui um projecto de transformação global de Portugal e do mundo, que exorta à mutação das consciências, no sentido de uma ética global, de respeito e cuidado pelo natural direito à vida e ao bem-estar de todos os seres, humanos e não-humanos, mas que sabe que isso tem de ser acompanhado por uma profunda transformação sócio-económica e jurídico-política, que consagre nas normas e nas instituições da nossa vida colectiva os princípios fundamentais de uma nova civilização, baseada num ideal de justiça integral abrangente de todos os seres e da Terra.

Infelizmente o PAN é cada vez mais necessário, como alternativa a uma situação que se degrada a cada instante e como voz dos imperativos de um mundo novo, pois nenhum outro partido ou força política tem a visão global que une as três causas, humana, animal e ecológica, nem a percepção das grandes questões e desafios hoje colocados a uma civilização em colapso. Mais do que um partido tradicional, oferecemo-nos para ser a voz e o braço da consciência e da acção política e a plataforma de diálogo e convergência dos múltiplos grupos, associações e movimentos da sociedade civil que buscam contribuir, em áreas específicas, para um novo paradigma civilizacional, no qual são essenciais a ética global, a democracia participativa, a transição para uma economia de recursos e uma cultura da paz, da expansão da consciência e da cooperação fraterna que privilegie outros indicadores de progresso pessoal e social, como o da Felicidade Interna Bruta.

Se sentes em ti o fermento da irreverência e da mudança, se não te conformas a ser mais um “cadáver adiado que procria”, como escreveu Pessoa, se aspiras ao 25 de Abril que nunca houve, o da libertação de todos os seres e da Terra, junta-te a nós e vem PANdemizar Portugal e o mundo!

Paulo Borges

Presidente da Direcção Nacional do PAN
24 de Abril de 2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

12 Hábitos a adoptar no Dia da Terra



O Dia da Terra é uma excelente oportunidade para que consumidores, produtores e cadeias alimentares façam alterações nas suas dietas, hábitos de consumo e práticas de produção nos restantes dias do ano.

A Agricultura intensiva é responsável pela emissão de quase 30% de gases tóxicos para a atmosfera. Os danos ambientais que este sector traz ao meio ambiente representam uma ameaça para a sobrevivência da própria actividade agricola.

O aumento do consumo de comidas processadas e o incentivo dado à produção de monoculturas, está a causar a degradação dos solos e escassez da água, mas também consumidores menos saudáveis.
Existe uma melhor forma de produzir e consumir comida.

A altura para agir é agora. As refeições que consumimos diariamente são óptimas oportunidades para começarmos a fazer a diferença. É urgente tomar a consciência do impacto que a agricultura intensiva e os hábitos alimentares, provocam no ambiente. A escolha consciente dos alimentos que consumimos, pode ajudar no combate às alterações climáticas e protecção do meio ambiente.

Do Uganda e Índia até aos EUA, os agricultores estão a ganhar estabilidade económica no apoio a comunidades através da agricultura sustentável. Como consumidores é nosso dever contribuir para a sustentabilidade destas comunidades que protegem a saúde humana e o meio ambiente.

Como posso fazer a diferença?

1. Coma comida mais "colorida"


As cores que as frutas e legumes apresentam são índices de maior ou menor conteúdo nutricional.
Um tomate vermelho tem altos níveis de carotenóides, como o licopeno, que de acordo com estudos  da Sociedade Americana de Cancro pode ajudar na prevenção desta doença, bem como,  as doenças do coração. A relação entre os nutrientes e a cor também se aplica para outros alimentos. Ovos com gemas de cor laranja vivo também são ricos em carotenóides que combatem o cancro, e são mais propensos a serem produzidos por galinhas que não são de aviário.

2. Prefira alimentos que não sejam embalados

As embalagens descartáveis representam cerca de 1/3 de resíduos não-industriais dos países industrializados, que têm um impacto negativo no clima, bem como na qualidade do ar e da água. Escolha alimentos que não sejam embalados, uma vez que alimentos altamente processados, são pobres em nutrientes e usam mais embalagem.

3. Escolha produtos sazonais

Opte por produtos sazonais, produzidos localmente.


4. Seja criativo na cozinha

Ao comprar nas feiras da sua região ou em mercados biológicos, muitas vezes encontra ingredientes menos usuais, que são um óptimo pretexto para experimentar novas receitas. Existem muitos blogues e sites na internet que são uma excelente fonte de inspiração para novas aventuras culinárias. É o caso do www.2semcarne.com .


6. Invista em culturas perennes

Plantas perennes - plantas que vivem várias temporadas - tendem a reter a água no solo de forma mais eficaz do que as outras plantas sazonais e ajuda a prevenir a erosão. Suas extensas raízes também permite o acesso a melhores nutrientes e água, reduzindo a necessidade de fertilizantes artificiais. Pesquisadores da Universidade de Illinois descobriram que gramíneas perennes são até quatro vezes mais eficientes na retenção da água do que culturas como o milho e o trigo.

7. Hortas Urbanas

As populações urbanas continuam a crescer de forma exponencial. Cada vez mais, nos meios urbanos  vemos terra abandonada a ser convertida em hortas urbanas para satisfazer a procura de alimentos saudáveis das comunidades. Também as hortas verticais com culturas hidroponicas, são uma excelente alternativa para satisfazer a procura de alimentos saudáveis.

8. Promover comunidades locais e globais de comida sustentável

Uma óptima maneira de saber mais sobre esta nova forma de viver, é consultar informação de movimentos como o www.2semcarne.com ou o Slow Food International, organização mundial com mais de 1.300 grupos. Estes grupos promovem discussões sobre dietas sustentáveis e saudáveis e sistemas de cultura tradicionais, a nível regional e local.

9. Faça você mesmo

Tornar t-shirts em sacos de armazenamento para não usar plástico, colocar sementes em cascas de ovo que podem ser partidas e colocadas directamente na terra ou fazer leite de aveia em casa, são bons exemplos de projectos familiares que podem ser divertidos e promovem a alimentação saudável.


10. Consuma mais frutas e legumes

Num estudo recente apresentado pela Universidade de Harvard, chegou-se à conclusão que pacientes que consomem alimentos ricos em carotenóides apresentam níveis mais elevados de bem-estar e optimismo.


11. Use a rotação de culturas

A rotação de culturas é uma forma importante de preservar os nutrientes do solo, prevenir a erosão e proteger as plantações das doenças e pragas. Na região brasileira do Mato Grosso, agrónomos da empresa Agronorte desenvolveram novas variedades de arroz e feijão que estão bem adaptados ao clima tropical da região. Com a incorporação de arroz e feijão nas suas colheitas anuais, os produtores de soja locais conseguem reduzir a propagação da ferrugem asiática e nematóides, duas das maiores ameaças às suas colheitas. O sistema também melhora a qualidade do solo e proporciona empregabilidade na altura das colheitas.

12. Promova o convívio às refeições

A partilha de comida e de experiências à hora das refeições é uma experiência exclusivamente humana. O convívio e a partilha de experiências à volta da mesa é um dos suportes fundamentais para relações mais saudáveis. A preservação deste hábito nas diferentes culturas e povos é considerado um factor critico no desenvolvimento físico e mental das crianças.


Aproveite este dia e mude os seus hábitos de dieta, consumo ou produção  alimentar pelo futuro do planeta!
Fonte: The food think tank